Mulher mais velha da Europa, que sobreviveu à Covid, completa 118 anos | Mundo

Mulher mais velha da Europa, que sobreviveu à Covid, completa 118 anos |  Mundo

Para seu 118º aniversário nesta sexta-feira (11)

Uma cama individual, uma imagem da Virgem Maria e um rádio desligado há meses… Em seu quarto, an idosa, sempre vestida com seu hábito de freira e véu azul, apenas espera, sentada em sua cadeira de rodas, com a cabeça e os olhos, que já não enxergam, fechados.

Seu dia começa sedo. “Às 07h00 me levantam e me sentam à mesa”. Em seguida, é levada à capela, onde a idosa, que se tornou freira depois dos 40 anos, ouve a missa todas as manhãs.

“É horrível não poder fazer nada sozinha”, se queixa lucile, que trabalhou até o final da década de 1970, e que, aos 100 anos, ainda se ocupava de residents mais jovens do que ela.

“Gosto quando alguém vem me fazer companhia, como o David. David é um amor, você o conhece?”, pergunta a irmã Andrée.

David Tavella, animador no lar de idosos de Toulon, no sudeste da Françaàs margens do Mediterrâneo, é também seu assessor de imprensa, que recebe os pedidos de jornalistas de todo o mundo, além de presentes e cartas.

Lucile Randon nasceu em 11 de fevereiro de 1904 em Alès, no sul da França. É a mulher mais velha do país e da Europa, sendo apenas superada no mundo pela japonesa Kane Tanaka, de 119 anos.

André Boite também vive no sul da França. Aos 111 anos, é um dos poucos homens do mundo “supercentenários”. Com mais de 110 anos, segue morando em sua própria residência em Nice.

Segundo o escritório de estatísticas Insee, cerca de 30 mil centenários vivem na França e 40 superam os 110 anos. No mundo todo, havia meio milhão de centenários em 2015, segundo a ONU, que projeta 25 milhões até o fim deste século.

Quando é lembrada que tem 110 anos, Hermine Saubion responde: “Estou aguentando firme”.

Hermine Saubion, de 110 anos, sorri na casa de repouso onde vive em Banon, na França, em foto de 28 de janeiro — Foto: Nicolas Tucat/AFP

A supercentenária vive em um lar de idosos em Banon, no sudeste francês. Não tem problemas de saúde, apenas incapacidades físicas e uma surdez severa.

Só compreende fragmentos de frases, mas não renuncia à vida em sociedade. “Se passa muito tempo sozinha em um lugar, não hesita em manifestar seu descontentamento”, confirma Julien Fregni, um assistente social.

A irmã Andrée tampouco tem problemas de saúde, apenas rigidez muscular e articular ligada à sua imobilidade. Ela toma poucos medicamentos por dia, o que, segundo a médica Geneviève Haggai-Driguez, sem dúvida é “um de seus segredos de longevidade”.

A idosa sobreviveu sem problemas à Covid-19, que lhe provocou apenas cansaço. Quando falamos [sobre a Covid]ela responde: ‘tive a gripe espanhola'”, conta Geneviève.

Apesar da resistência comprovada pelo tempo, essas pessoas viram a partida de muitos a seu redor e já não têm com quem compartilhar sua história de vida.

Assim, falam sobre a morte sem qualquer tabu. “Esperamos o fim, a morte, que um dia chegará”, diz Hermine, enquanto an irmã Andrée afirma estar preparada.

“Passar todo o dia sozinha com suas dores não é divertido”, mas “Deus não me escuta, deve estar surdo”.

Otimismo e estilo de vida

A ciência ainda não descobriu o segredo desta longevidade. “Não temos nenhuma certeza, apenas hipóteses”, garante Jean-Marie Robine, demógrafo e gerontólogo.

Lucile Randon, an irmã Andrée, que completa 118 anos na sexta (11), em foto de 10 de fevereiro de 2021 — Foto: Nicolas Tucat/AFP

O especialista cita a riqueza econômica, a democracia “e, inclusive, a social-democracia”, além dos fatores nutricionais com “dois grandes regimes alimentares: o japonês [peixes, verduras] eo mediterrâneo”.

A isso se somam as características próprias do indivíduo, como a genética ou an ausência de genes vinculados a fatores de risco.

Ademais, Daniela S. Jopp, professora de psicologia do envelhecimento da universidade de Lausanne, na Suíça, cita o “otimismo”, que está vinculado a “mecanismos do sistema imunológico”.

Em seus estudos com centenários de Alemanha e Estados Unidos, a pesquisadora encontrou traços comuns: são extrovertidos, têm carisma, desfrutam das relações sociais, têm paixõidos, à são sent e capazes em vida.

Pois, como diz an irmã Andrée, a coisa mais importante na vida é “compartilhar um grande amor e não comprometer suas necessidades”.

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